terça-feira, 29 de junho de 2010

Mãe

A vida era nova e dura.
Trabalhando durante oito horas, estudando a noite.
Desfrutar do silêncio era uma extravagância em sua vida.

Sua mãe sentia sua falta. Ele não sabia disso, mas sabia que ele mesmo sentia falta de muitas coisas. Claro que não sabia o nome de todas, mas sentia um frio constante que não era provocado pelo inverno.

Eles estavam distantes. As desculpas já foram explanadas.

Ele estudava no sofá. Tinha um trabalho pra entregar na segunda. Ela preparava o cozido que só ela sabia fazer.

Ele foi para o computador e começou a ouvir Radiohead. O frio foi aquecendo.

Ele tirou o fone e deixou o som disponível para os demais ouvidos. Seu pai e sua irmã estavam ausentes da pequena sala que era iluminada pelo pouco Sol que havia naquele dia. Sua mãe ouvia a música.

Ele olhou para ela, ela cantarolava. Ele a convidou para dançar, ela aceitou toda feliz e disse: "Mais que honra! Meu filho me chamando pra dançar."

A música era essa: http://www.youtube.com/watch?v=pKd06s1LNik .

Eles se abraçaram e dançavam tranquilamente. A irmã dele sentou no sofá e jogava com o seu celular.

A música ganhava força e ela começou a chorar. Intensidade, eles dançavam e se abraçavam. Ele resistia. Ela chorava baixo. Ela estava quente. Ele estava frio. Ele pensou em tanta coisa e ao mesmo tempo em nada. Bem, pensava no momento.

Ela enconstou sua cabeça no ombro dele. A boca dele tremia. Tentou controlar o choro, mas não pôde: Desabou. E eles choravam mais e mais. A música não terminava, ganhava mais espaço. Era eterno, era belo. Ela disse: "Eu te amo tanto, meu filho". Ele não conseguiu dizer nada. A música persistia. Ela foi ao banheiro limpar o rosto. Ele continou chorando na cozinha. Ela retornou. Ele a abraçou e conseguiu dizer: "Eu te amo tanto, obrigado...isso era tudo que eu precisava."

Bom dia!

-Bom dia ser humano!
-Bom dia! Como vai a dor de cabeça?
-Melhor, acho, e você?
-Pior, acho, e o seu filho?
-Não sei.
-Ham.
-E aí, você é feliz?
-Que?!
-Você é feliz?
-Bem, eu to feliz.
-Por que você está e não é?
-Ham...Você é feliz?
-Tento ser. Mas eu venho pensado muito e ignorado pouco.
-Isso te dá um ar de arrogância
-Não é a intenção.
-E alguma vez foi?
-Tenho que ir.
-Espere.
-O que foi?
-Deus lhe abençoe.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Padrão (2)

-Se houvesse dúvida quanto aos nossos próprios padrões, eles não precisariam ser padrões, mas sim situações distintas. Em vez da dúvida no existencial, da dúvida filosófica, religiosa e/ou amorosa, preferimos por muitas vezes ignorar o surgir de qualquer dúvida.

-Pensar diferente da maioria + pensar igual durante boa parte da vida equivale ao pensar igual a maioria.

É ela que persegue meu foco, ou é o contrário?

O que é alienação?O que é revolta? O que é o outro para você e o que é realmente o outro? Existe o realmente?

Revolta, Alienação e Outro. Três palavras sob a nuvem carregada da violência.

Aliás, o que é violência?

Padrão

Hoje, isso te faz se sentir bem.
Amanhã fará?
Há dúvida.
Vale a pena persistir?
Há dúvida.
Ontem fez bem?
Há dúvida.


Hoje faz bem?

sábado, 26 de junho de 2010

Acorde

Todos quem ser ouvidos. Todos querem ter voz.

Não percebem que falta um componente na equação? O universo é muito grande!

Vegetal Ambulante

Ela acordava pelas dez da manhã. Ligava a tv, depois acessava o twitter. Almoçava vendo mtv. Depois tomava um banho e ia para escola. Lá, ela pensava sobre o que viu na tv e no twitter. Depois voltava pra casa, via o orkut e ouvia a mesma banda que ouvia constantemente há um ano. Via tv com sua mãe, comia e ia dormir. Não conseguia pegar no sono, então se levanta de madrugada. Come mais e vai ao banheiro. Volta pra cama e ouve música. O Sol vai surgindo e seus olhos finalmente fecham.

Ela acordava pelas dez da manhã. Ela tomava mais um pouco de sua dose diária de dor; o tipo de dor que costuma andar disfarçada de jujubas.
Me parece que a folga das atividades formais me proporciona encontros desagradáveis com a realidade.

Me parece que as minhas atividades formais me proporcionam encontros suaves com a realidade.


Esta semana devo escrever algo bonito.

Perspectiva

E as pessoas vão se perdendo em suas próprias razões. Refugiando-se em si mesmas, num ciclo finito e repetitivo de erros patéticos. Elas estão em estado vegetativo. Elas somos nós.

Dormir

Ao colocar minha cabeça no travesseiro, as conversas que tive são tão palpáveis quanto o vento.
Ao fechar meus olhos, não sou mais profissional, filho ou estudante.
Ao reabrir meus olhos me vejo como mais um ser cansado.
Ao fechar novamente os olhos eu busco o descanso momentâneo.
Ao acordar, tudo, inclusive a minha cura, fica embaçado.

Inconsciente Mais Recente

Estava eu andando com uma pessoa que eu não consigo lembrar quem era. A gente passava por um lugar escuro e com neblina: era a porta de um cemitério. "Eu já passei por essa porta"(pensei). Vi um cachorro. Ele era cinza, tinha olhos verdes que pareciam de um zumbi, babava e latia ferozmente. Queria me atacar. A corrente que o prendia à porta ameaçava romper. Não sabia exatamente o que fazer. Podia ignorar, mas aquele cachorro me pertubava. Ele era a pura raiva e eu já tinha o visto. Tinha que ficar ali.

O cão rompeu a corrente, daí eu peguei um cabo de vassoura, sem a parte que caracteriza a vassoura. Em vez de me morder com a boca, o cão de olhos demoníacos pegou um outro cabo de vassoura e me golpeou com o cabo. Perdi a minha arma, mas na mesma hora eu encarei o cão possuído pela raiva. Eu tive medo, mas botei a mão em sua direção e disse: Saia desse cachorro, demônio, em nome de Deus. Uma fumaça preta saiu pelos olhos do cachorro e ele ganhou uma coloração preta, tanto no pêlo como nos olhos. Era um cachorro lindíssimo e se tornou meu amigo.

Após umas andadas com o cão, fui comer com a família. Meu pai estava chateado. Implicava por algum motivo que eu não recordo. Nada fora do comum. Tentei acalma-lo, mas ele não parava de implicar e de balançar a cabeça em sinal negativo. Em seguida, ele virou a mesa repleta de comida. Os olhos dele reviravam. Lembrei do episódio do cachorro e fiz o mesmo com meu pai( tava me achando o espantador de demônios já). Apontei minha mão para sua cabeça e disse: "Sai desse corpo, demônio, em nome de Jesus".

Acordei.

Ontem

-Ontem você estava um pouco exagerado e alterado.
-Ok.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Você é meu Algoz e a Recíproca é Verdadeira.

-Então, filho, está na hora de você se decidir.
-Decidir pelo que? Pra que droga de escola eu vou? Pra que porra de trabalho eu vou ter?
-Olha a língua muleque! Não há droga e porra nenhuma! Há a disgrama da sua vida, entendeu?
-Não entendi não! Eu não sei pra onde ir não! E você muito menos...olhe o seu estado...
-Que estado? Eu não tive escolha na sua idade, seu merdinha. E você tem todas!
-Todas? Todas as escolhas sob as suas mãos? Suas mãos que enforcaram...
-Que vão enforcar você! Falei com a sua mãe e ela está muito abalada com a morte do seu primo.
-Todos estão.
-Não me venha com ironia. Você vai para a escola militar, aprender a lidar com a sua liberdade.
-Liberdade? NÃO EXISTE LIBERDADE!
-Existe sim e você é responsável por criar e manter ela. Construir e Desconstruir.
-Os povos da selva da África têm liberdade?
-Se você quiser descobrir se qualquer porra de povo tem liberdade...
-Ham!
-...comece analisando sua própria liberdade!
-Posso participar dos seus negócios?
-Você não aguentaria e eu não quero esse futuro pra você.
-Pai, posso te dizer uma coisa, do fundo do meu coração?
-Pode.
-Esqueça.
-Não..diga.
-É sobre ela.
-Ela quem?
-Pai, eu lembro do que você fez com a Estrela.
-O QUE?!
-Sim. Eu vi, lembro e te dezprezo, seu porco decadente.
-Mas como?
-Importa o como? Importa que eu sei. Importa que isso é responsabilidade sua.
-Isso o que? Que merda você tá falando?
-Essas vidas que foram mutiladas pelas suas ações. A minha vida.
-Não me culpe. Estrela soube se virar e tem se virado muito bem.
-Pai, ela se matou ontem.
-É?
-Sim.
-Ham.
-Ham o que?
-Nada. Só me sinto pesado agora.
-É?
-Mas eu não estou abandonando ninguém.
-Ah! Não me venha com essa redundância de vítima! Acorde, nascemos vítimas!

?

Questionar a existência é um bom começo para o recomeço de uma vida.

Coma: por favor, não me acorde.

Não sei de vocês, mas eu venho utilzando de um luxo.
O luxo de ter tempo para criar e para tentar entender.
Se disser que este luxo tem o propósito de melhor a vida de terceiros, estarei mentindo.
Sei que se sobreviver até acabar o prazo desta vaidade, posso ser um homem melhor.
Mas isso é consequencia. Esse tempo consiste no foco.
O foco, sempre que possível, fica desfocado.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Quarto

Seja Bem-Vindo. Pode entrar. Vou fechar. Quer abrir? Vou pensar. Vou sorrir. Decidi. Sem Falar. Pego o Brilhante. Foge o Brilho. Belo. Intensidade Bonita. Gostaria de silêncio. Não te conheço. Talvez Amanhã. Talvez quando eu viajar. Vou te ver. Urano não é ruim. Te desejo nada. Você gosta? Azul é minha cor. A nossa é vermelho. Para. Pare. Parou. Bate Forte. Eu sinto o vermelho. Segredo. Olha pra mim. Gravidade. Abre o olho. Preto. Abre a Mente. Vazia. Me arrependo.Minto.Verdade.Disfarce.Sou maior. Seu gordo. Sente? Vem pra cá. Pare.Para.Pare.Não.Veja como Brilha. Por que? Por que não? Loucura? Razão. Vazio? Tudo. Devaneio? Ambos. Grita. Não posso. Fraco. Sou. Prece. Não posso. Acaba. Espere. O dedo. Não. O dedo. Não. O dedo. Não. O dedo. Não. O dedo. Não. O dedo. Não. O dedo. Não. O dedo. Não. O dedo. Não. O dedo. Não. O dedo! Não! O dedo! Acabou? Não. Olhe. Azul. Olhe. Sangue. Cheire. Dor. Cheire. Vida. Trote. Trote. Dedo. Não. Dedo. Não. Dedo. Não. Dedo. não. Rio. Vida. Tudo. Sinto. Deus. Sinto. Dor. Só. Não. Pare. Não. Pare!Pare!Pare! Não. Pare. Por favor. Pai. Pai! Dedo. Pai. Dedo. Mãe. Dedo. Pai. Luz. Pai. Vida?. Pai. Morte? Pai. Dedo. Comida. Pai. Sal. Luz. Mundo. Pai! Come. Come. Come. João! Pai. Come. Rápido. Creck. hihi. Creck. Haha! Come. Creck. Haha. Doente. Desumano. Ódio. Ódio. Ódio. Ódio. Ódio. Choque. Amor. Toma . QUer? Língua. Brilhante. João. Olhos. Quer? Fechado. Creck. Bom. Bom. Muito. Brilhante. Bola. Bola de amor. Bola. Gira. Garganta. Brilhante. Ar. Respira. Ar. Rápido. Ar. Intenso. Dor. Ar. Sinto. Ar. Sinto. Respira. Ar. Rápido. Ar. Ar. Ar. Ar. Ar. Ar. Ar. Ar. Ar. Língua. Bom. João. Dedo. Pai. Dedo. Pai. Dedo. Pai! Língua. Garganta. Sangue. Morte. Vivo. Vivo?
As misturas de algumas criações fazem a minha mente se projetar em meus olhos, que por sua vez me denunciam por completo.

Nascimento

Da revolta pode surgir uma importante revolução.

Da revolta pode surgir a cegueira.

Selma Marques

Idade: 75

Histórico/Situação atual: Divorciada, nostalgica, sofreu um derrame.

Defeitos: Não tem mais noção de comunicação. Não sabe se portar no meio social. Se faz de vítima o tempo todo.

Qualidade: Sobrevivente.

terça-feira, 22 de junho de 2010

2 Semanas.

2S. Duas semanas de amizade. Um conhecido meu ia embora. Esse conhecido chamou outros conhecidos para o aniversário de uma outra conhecida. Os conhecidos se tornaram amigos. O verão ficou vibrante. Passei a 'morar' em outro lugar. Éramos unidos. Éramos novos. Éramos felizes. Ele foi embora. Chorei. Choramos. A amizade foi junto. Nos notamos. Nos evitamos. Passado. Presente.

08

Sente as diferenças. Verde próximo fazia respirar com mais alma. Formigas passeiam pelo concreto. Concreto é palco da guerra entre formigas. Sentado no palco. Após árvores, carros corriam moderadamente: pós-almoço sempre deixam pessoas mais lentas.

Respiro fundo. Desejo estar próximo de amigos que estão longe ou de amigos de longe que estão perto. Esses que estão perto, estão pouco longe, parecem não considerar como considero eles. Falo no plural, mas caso seria no singular.

Acordo pro modo robótico.

Reunião Familiar

Lista de Oração da Família:

*Que Deus desperte mais amor na nossa família
*Alan e Verena sejam mais estudiosos, disciplinados e obedientes
*Que a família té o final de 2008 tenha 04 discipulos
*Pagar as dívidas
*Comprar apartmento
*Comprar carros
*Um trabalho para Jeová-->Concursos--->Fator Mente
*Alugar um ap.bairro Dinamite

Alan:

*Orar para revestir de Jesus


Verena:

*Orar


Todos nós preciamos orar mais.

Somos notados? Somos cansados.

Não aguento mais esse trabalho. Estou aqui há mais de 9 meses. O verão tá acontecendo e eu preso nesse lugar. Preso às minhas necessidades. A única coisa boa que me apareceu aqui foi a maluca Zu que disse:

"Eu não sou maluca, sou depressiva. Aquele homem de brinco disse que ia comer meu cú!"

Sobre uma Criança

Estava eu tendo uma conversa sobre dor. A dor de uma criança, já madura, que foi agredida por ter perdido dois brincos. Agredida de tal forma que ficou um mês sem conseguir andar. A violência física passou, mas a simbólica perdura até os dias de hoje. Soube o que ocorreu durante e depois da violência. Minha versão sobre o 'antes' está logo abaixo.

SOBRE UMA CRIANÇA

Crianças são belas ou feias.
Ontem eram tão travessas.
Hoje são hiperativas.
Ontem eram reprimidas.
Hoje são largadas.
Crianças são os seres mais próximos do suposto estágio “pré-vida”.
São as mais ingênuas e fofas.
São as mais humanas.

Irá era uma criança. Ela vivia feliz em uma casa que era decorada com diversas tonalidades da cor azul. Irá tinha um pai e uma mãe. Esta não era biológica, mas muitos dizem que mãe e pai são aqueles que criam. Também tinha dois irmãos. Eles, os três, iam ao aniversário do vizinho que se chamava Rugby. Irá estava animada para a festa, pois ouviu dos seus pais e dos seus irmãos que seria uma grande festa.

Irá vestia um vestido cor-de-rosa com estampas do seu animal favorito: filhotinhos de cachorro. Seus sapatos eram tão belos e seu cabelo estava todo enfeitado. Ao acabar de se arrumar, saiu do quarto e viu sua mãe bebendo algo e concentrada em uma árvore um pouco antiga.

-Mãe, eu estou bonita?

A luz do Sol refletia levemente no rosto de Irá.

-Está linda filha! Você parece aquelas princesas dos filmes. Mas...tá faltando uma coisinha.

Irá aparentava preocupação. Sua mãe então foi em direção a uma gaveta em um cômodo da casa, apanhou dois objetos e disse a Irá: feche os olhos.

Irá fechou os olhos, ansiosíssima.

Pronto. Agora você está uma verdadeira princesa.

Dois brincos de ouro foram colocados nas orelhas de Irá. Ela vibrou. Seu rosto era a felicidade personificada. Ela sorriu; gargalhou! Mãe e filha se abraçavam intensamente, dizendo em perfeita sincronia a frase “eu te amo”, por mais de duas vezes.

Irá ia a festa de mãos dadas com os dois irmãos. Ela sorria.