-Então, filho, está na hora de você se decidir.
-Decidir pelo que? Pra que droga de escola eu vou? Pra que porra de trabalho eu vou ter?
-Olha a língua muleque! Não há droga e porra nenhuma! Há a disgrama da sua vida, entendeu?
-Não entendi não! Eu não sei pra onde ir não! E você muito menos...olhe o seu estado...
-Que estado? Eu não tive escolha na sua idade, seu merdinha. E você tem todas!
-Todas? Todas as escolhas sob as suas mãos? Suas mãos que enforcaram...
-Que vão enforcar você! Falei com a sua mãe e ela está muito abalada com a morte do seu primo.
-Todos estão.
-Não me venha com ironia. Você vai para a escola militar, aprender a lidar com a sua liberdade.
-Liberdade? NÃO EXISTE LIBERDADE!
-Existe sim e você é responsável por criar e manter ela. Construir e Desconstruir.
-Os povos da selva da África têm liberdade?
-Se você quiser descobrir se qualquer porra de povo tem liberdade...
-Ham!
-...comece analisando sua própria liberdade!
-Posso participar dos seus negócios?
-Você não aguentaria e eu não quero esse futuro pra você.
-Pai, posso te dizer uma coisa, do fundo do meu coração?
-Pode.
-Esqueça.
-Não..diga.
-É sobre ela.
-Ela quem?
-Pai, eu lembro do que você fez com a Estrela.
-O QUE?!
-Sim. Eu vi, lembro e te dezprezo, seu porco decadente.
-Mas como?
-Importa o como? Importa que eu sei. Importa que isso é responsabilidade sua.
-Isso o que? Que merda você tá falando?
-Essas vidas que foram mutiladas pelas suas ações. A minha vida.
-Não me culpe. Estrela soube se virar e tem se virado muito bem.
-Pai, ela se matou ontem.
-É?
-Sim.
-Ham.
-Ham o que?
-Nada. Só me sinto pesado agora.
-É?
-Mas eu não estou abandonando ninguém.
-Ah! Não me venha com essa redundância de vítima! Acorde, nascemos vítimas!
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