Estava eu tendo uma conversa sobre dor. A dor de uma criança, já madura, que foi agredida por ter perdido dois brincos. Agredida de tal forma que ficou um mês sem conseguir andar. A violência física passou, mas a simbólica perdura até os dias de hoje. Soube o que ocorreu durante e depois da violência. Minha versão sobre o 'antes' está logo abaixo.
SOBRE UMA CRIANÇA
Crianças são belas ou feias.
Ontem eram tão travessas.
Hoje são hiperativas.
Ontem eram reprimidas.
Hoje são largadas.
Crianças são os seres mais próximos do suposto estágio “pré-vida”.
São as mais ingênuas e fofas.
São as mais humanas.
Irá era uma criança. Ela vivia feliz em uma casa que era decorada com diversas tonalidades da cor azul. Irá tinha um pai e uma mãe. Esta não era biológica, mas muitos dizem que mãe e pai são aqueles que criam. Também tinha dois irmãos. Eles, os três, iam ao aniversário do vizinho que se chamava Rugby. Irá estava animada para a festa, pois ouviu dos seus pais e dos seus irmãos que seria uma grande festa.
Irá vestia um vestido cor-de-rosa com estampas do seu animal favorito: filhotinhos de cachorro. Seus sapatos eram tão belos e seu cabelo estava todo enfeitado. Ao acabar de se arrumar, saiu do quarto e viu sua mãe bebendo algo e concentrada em uma árvore um pouco antiga.
-Mãe, eu estou bonita?
A luz do Sol refletia levemente no rosto de Irá.
-Está linda filha! Você parece aquelas princesas dos filmes. Mas...tá faltando uma coisinha.
Irá aparentava preocupação. Sua mãe então foi em direção a uma gaveta em um cômodo da casa, apanhou dois objetos e disse a Irá: feche os olhos.
Irá fechou os olhos, ansiosíssima.
Pronto. Agora você está uma verdadeira princesa.
Dois brincos de ouro foram colocados nas orelhas de Irá. Ela vibrou. Seu rosto era a felicidade personificada. Ela sorriu; gargalhou! Mãe e filha se abraçavam intensamente, dizendo em perfeita sincronia a frase “eu te amo”, por mais de duas vezes.
Irá ia a festa de mãos dadas com os dois irmãos. Ela sorria.
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